Medicamentos genéricos, história de um trajeto para o bem comum
13 de September de 2021 in "Diário de Notícias"
Artigo de Opinião do Vice-presidente da Bluepharma, Miguel Silvestre, ao Diário de Notícias.
Longe vai o tempo em que a discussão sobre a credibilidade e a eficácia dos medicamentos genéricos se fazia em Portugal. Perante uma realidade desconhecida, a opinião pública oscilava entre as vantagens para a economia familiar e a dúvida sobre o rigor dos tratamentos. Teriam o mesmo efeito? Seria a escolha acertada?
Passaram duas décadas, o caminho foi longo. Um olhar retrospetivo nesta matéria revela que não estamos no mesmo ponto, o país evoluiu. As conquistas alcançadas dão-nos a confiança necessária para enfrentar os desafios futuros. As dúvidas dissiparam-se. As questões são agora outras.
Há vinte anos Portugal não tinha medicamentos genéricos, tinha cópias, o que originava gastos muito superiores. Foi preciso lançar as bases e as condições para a entrada definitiva dos genéricos no nosso mercado. Uma construção difícil, que exigiu coragem e compromisso, quer da esfera política, quer da esfera empresarial. Porém, as sementes lançadas nesta altura dão hoje os frutos, e de praticamente inexistentes, os medicamentos genéricos representam agora mais de metade dos medicamentos dispensados nas farmácias, segundo dados do Infarmed.
Um crescimento exponencial em tão curto espaço de tempo é a evidência das vantagens de que todos, direta ou indiretamente, beneficiamos. Falamos da democratização no acesso aos medicamentos e cuidados de saúde por parte das franjas mais frágeis da sociedade, que acabam por se ver afastadas de tratamentos inacessíveis ao seu poder económico. Só por si, os ganhos em saúde são fator de progresso social.
Mas há mais. Também o Estado vê a sua despesa com medicamentos diminuir. E ganha também a economia, com a indústria farmacêutica a sair revitalizada. Os ganhos, são por isso, para todos.
Estará tudo feito? Num país, como o nosso, onde as despesas familiares com saúde, mais especificamente no que aos medicamentos diz respeito, são das mais elevadas a nível europeu, ainda há um longo caminho a percorrer. Os obstáculos são muitos, mas as conquistas a que podemos chegar são maiores e deve ser esse o foco.
Se os efeitos positivos dos medicamentos genéricos num país desenvolvido estão à vista, imagine-se o que pode fazer por populações mais desfavorecidas, em continentes como o africano ou o asiático. Os ganhos são à escala global e uma pandemia como aquela que estamos a atravessar veio demonstrar que a saúde de cada um é do interesse de todos.
Sinalizada a necessidade, Portugal e a sua indústria farmacêutica podem dar cartas nesta matéria. Os anos percorridos neste início de milénio demonstram que há conhecimento e capacidade no país para acompanhar as necessidades de um mercado globalizado. Sabemos, porém, que é de mãos dadas e através da partilha de conhecimento que promovemos a saúde e o desenvolvimento. Para isso, é necessário investir em inovação. É preciso trabalhar em colaboração. Uma cooperação entre o Estado e empresas, mas também uma integração em redes e canais de cooperação à escala global.
Visão estratégica, confiança e foco nas necessidades são fundamentais, sem nunca perder o barómetro da humildade. Trabalhar em conjunto, com coragem para traçar o caminho e com espírito de empreendedorismo. Ser "cúmplices" uns dos outros. Ser criativos.
Estes foram os ingredientes que permitiram à Bluepharma projetar Portugal no mundo, dinamizando o sector dos genéricos, que certamente continuarão a fazer parte da sua receita de futuro. Um futuro onde a ciência e a globalização científica assumem um papel determinante para o bem comum.
Clique na foto para ver maior